domingo, 17 de abril de 2016

ESTÍMULOS TENSIONAIS E METABÓLICOS, ENTENDA AS DIFERENÇAS!!!!

Estímulos tensionais e metabólicos, entenda as diferenças

Você vai para a academia e realiza 15 repetições de determinado exercício, com 30 segundos de intervalo entre as séries. Você estimulou determinadas reações em seus músculos. Agora, se você vai e faz o mesmo exercício, porém com repetições até a falha usando 90% de 1RM e com 2 minutos de intervalo entre as séries, você teve o mesmo estímulo do exercício anterior? Muito provavelmente não! Isso por que os estímulos aos quais impomos nossos músculos podem ser de duas naturezas distintas: tensionais ou metabólicos.
Antes que alguém ache que eu afirmei que 15 repetições são para estímulos metabólicos, ou que formem frases com a palavra definir após isto, quero dizer que isso acima é apenas um exemplo!
Vamos então as definições mais científicas deste tema!

Estímulos tensionais e metabólicos, entenda as diferençasAfinal, o que são estímulos metabólicos ou tensionais?
Basicamente, os estímulos tensionais atuam mais diretamente sobre as fibras musculares, aumentando as microlesões e os estímulos metabólicos, tem atuação também sobre as vias energéticas. Neste sentido, ao falar sobre estímulos tensionais Guedes Júnior (2003) afirma que o aumento que ocorre na síntese das proteínas contráteis, estimulado principalmente pelo treinamento de força, promove o aumento do tamanho e também da quantidade de miofibrilas em cada fibra muscular. Esta adaptação é conhecida como hipertrofia miofibrilar. Sendo assim, o estímulo tensional, que está relacionado com o alto nível de tensão que é imposto ao músculo, através de um peso elevado a ser vencido causaria este tipo de adaptação. Desta forma, em um treinamento resistido, quanto maior a carga de trabalho (peso) maior será a sobrecarga tensional imposta. Grandes sobrecargas tensionais são feitas com menos repetições em um curto período de execução.
Resumindo, um treino com objetivo de maior estímulo tensional, precisa ser composto por cargas mais elevadas, com tempo de recuperação entre as séries maior (entre 1,5 e 2 minutos) e menos repetições.
É importante ter em mente que mais carga não significa que você precise se tornar um burro de carga, deslocando mais peso do que de fato consegue. A execução correta sempre será fundamental, independentemente de qual seja o estímulo ou objetivo.
Já o estímulo metabólico,vai fazer com que as células musculares sofram um maior estresse bioquímico, pelo tempo maior de execução de cada série, mas em contrapartida, com um menor número de carga do que nos estímulos tensionais.
Segundo Santarem (1999), durante as contrações musculares mais prolongadas ocorre um aumento considerável na atividade dos processos de produção energética, caracterizando uma maior carga metabólica no que se refere as vias energéticas. Essa sobrecarga metabólica tem grande contribuição para o aumento do volume muscular, através do considerável aumento dos substratos energéticos localizados no sarcoplasma.
Além disso, com a utilização de estímulos tensionais, ocorre um considerávelaumento de vascularização do tecido muscular. Este fenômeno é conhecido como hipertrofia sarcoplasmática ou ainda de volumização celular, estimulada pelos estímulos metabólicos. Este tipo de estímulo é caracterizado pelo elevado número de repetições, que consequentemente causa um tempo mais prolongado de execução de cada série de um exercício. São exemplos de métodos de treino que utilizam estímulos metabólicos o super-set, o drop-set e o bi-set.
Você está se perguntando então, se ambos os estímulos promovem diferentes hipertrofias, qual o melhor? Pois bem, vou tentar responder a esta questão!
Em um estudo de Fagundez (2012), foram realizadas pesquisas com 10 indivíduos, para verificar os resultados de estímulos tensionais e metabólicos. Para isso, estes foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo realizou os exercícios com o intuito de realizar estímulos metabólicos. Desta maneira, os intervalos de descanso eram de 45 segundos e as repetições de no mínimo 15 vezes, com 60% de 1RM. Já o segundo grupo realizou o mesmo treino, porém com 80% de 1RM, 2 minutos de intervalo entre as séries e no máximo, 8 repetições. Ao final do estudo que durou 10 semanas, foram encontrados os seguintes resultados:
– O grupo 2 (estímulos tensionais) apresentou um aumento de perimetria de braço, em média de 0.4 cm.
– O grupo 1 (estímulos metabólicos) teve uma redução de 0.2% a mais em suas dobras cutâneas, quando comparado ao grupo 2.
– Todos os participantes obtiveram melhora em sua perimetria e redução do percentual de gordura.
Então, estímulos tensionais são mais indicados para a fase de bulking e os estímulos metabólicos são mais indicados para o cutting? No geral até pode ser, mas jamais se apegue a fórmulas prontas.
Os estímulos metabólicos produzem uma melhor adaptação do complexo articular em geral, bem como da melhora da vascularização e do aumento dos substratos energéticos. Portanto, este tipo de estímulo é fundamental, mesmo em fases de aumento de estrutura muscular. Por sua vez, os estímulos tensionais são realizados em altas intensidades, pelas elevadas cargas, sendo assim, indicados também para fases de redução do percentual de gordura. além disso, o próprio autor coloca em seu trabalho, que estudos mais longos e transversais precisam ser realizados para verificar a eficiência de cada método, quando aplicado em determinados grupos específicos.
Está perdido (a) com estas informações contraditórias? Normal! A ciência vem tentando há muitos anos definir qual a melhor utilização de cada um destes estímulos. Por enquanto, o que sabemos através de pesquisas e que a prática vem comprovando, é que a alternância destes estímulos, tanto tensionais como metabólicos, é o que melhor produz resultados. Porém, alternar estes estímulos não é tão fácil como parece, pois a alimentação e outras variáveis do treinamento, além das questões individuais, precisam ser levados em conta. Neste caso, nada melhor do que um treino bem montado e periodizado para seus objetivos específicos! Bons treinos!
Referências:GUEDES JÚNIOR, Dilmar Pinto. Musculação: estética e saúde feminina. São Paulo: Phorte, 2003.
SANTAREM, José Maria. Treinamento de força e potência. In: GHORAYEB, Nabil; BARROS NETO, Turíbio Leite de. O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999.
ADAUTO GONÇALVES
PERSONAL TRAINER

domingo, 10 de abril de 2016

MUSCULAÇÃO X TREINAMENTO FUNCIONAL: COMO ESCOLHER O SEU EXERCÍCIO IDEAL?

Exercícios funcionais movimentam todas as regiões do corpo de uma forma integrada, enquanto o trabalho com pesos é ótimo para hipertrofia muscular

  1. Se desembarcasse de uma viagem no tempo, vindo diretamente dos anos 80, você certamente se surpreenderia com esse fenômeno chamado de treinamento funcional. A modalidade deexercício, que gera 2,5 milhões de resultados em uma busca rápida na internet, já angariou tantos adeptos quanto críticos. Uma corrente garante que é o futuro do treinamento de força, substituto natural da musculação. Outra afirma que não possui as mesmas características nem possibilidades, e não elimina a necessidade do treino com peso.
Nós, do EU ATLETA, ouvimos educadores físicos adeptos de um método e do outro para esclarecer as diferenças, semelhanças e limites de cada uma das modalidades. Para que você, que vive no século 21, faça sua própria escolha.
Mosaico, treinamento funcional, eu atleta (Foto: Editoria de Arte)Treinamento funcional pode ser feito até na beira da praia (Foto: Editoria de Arte)

TREINAMENTO FUNCIONAL
treinamento funcional se baseia nos movimentos naturais do ser humano, como pular, correr, puxar, agachar, girar e empurrar. O praticante ganha força, equilíbrio, flexibilidade, condicionamento, resistência e agilidade. Ele tira a pessoa dos movimentos mecânicos e eixos definidos ou isolados, como acontece na musculação. Por isso, virou uma alternativa para quem estava cansado dos exercícios mais tradicionais na academia.  

Para trabalhar a musculatura profunda, são utilizados acessórios como elásticos, cordas, bolas, cones, discos e hastes. É um método que ajuda a prevenir lesões, gera melhorias cardiovasculares, a redução do percentual de gordura, emagrecimento e definição muscular. 
-  A possibilidade de combinar diferentes habilidades, como o treino aeróbico com o de equilíbrio, cria uma infinidade de variações e acabam com a monotonia, tornando inclusive o corpo mais "inteligente" - explicou Saulo Batista, coordenador e professor do estúdio Jungle Gym Brazil.
Carla Prata treinando (Foto: Patricia Palhares / EUATLETA.COM)A modelo Carla Prata mantém a forma com musculação (Foto: Editoria de Arte)

MUSCULAÇÃO
Mas será que todos esses benefícios vão colocar fim aos halteres e anilhas? Não, se o objetivo é aumentar a massa muscular ou conseguir resultados estéticos em pouco tempo. A musculaçãoé muito eficiente para a hipertrofia, que não é o objetivo central do funcional. Ao contrário do funcional, a musculação consegue trabalhar os grupos musculares isoladamente e com mais especificidade.
De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM), a musculação também exerce um impacto direto sobre as atividades da vida diária que exijam um percentual da capacidade muscular para serem executadas. 
- Um programa feito de duas a cinco vezes por semana gera benefícios no condicionamento físico, aumento da massa magra e diminuição do percentual de gordura, se aliado a uma dieta adequada - afirmou Vinícius Oliveira, coordenador e professor da academia Forum Exere Fitness.
HIPERTROFIA
Um ponto que gera polêmica até entre os treinadores é se o exercício funcional consegue ou não gerar hipertrofia muscular. Segundo o professor Saulo, o treinamento praticado com dedicação, agrega volume e definição muscular, com a vantagem de manter a harmonia estética.
- No funcional a hipertrofia se dá de maneira sistêmica e harmônica, tanto da parte superior quanto inferior do tronco. O treinamento funcional é muito mais completo para garantir o condicionamento físico para as atividade diárias, e pode sim ser substituto da musculação- afirmou.
Já para o professor Cláudio Baiano, também especialista em treinamento funcional, o método garante força, mas não aumento de volume muscular.
- Você não vai ficar com corpo de fisiculturista fazendo treinamento funcional, mas certamente vai ter força em todo o corpo. O funcional até pode trazer definição, mas não trabalha o volume - disse.  
Ele inclusive recomenda a prática dos dois métodos em paralelo, para garantir condicionamento físico, força, potência e definição musculares. Se prefere ficar com apenas um, agora você já pode escolher.
TABELA DE COMPARAÇÃO
  INDICAÇÃO PERIODICIDADEVANTAGEM DESVANTAGENS
 MUSCULAÇÃOhipertrofia muscular e ganho de força 2 a 5 vezes por semana, 8 a 10 exercícios, de 1 a 4 séries, de 3 a 20 repetições em cada possibilidade de isolar grupos muscularespode gerar lesões e desequilíbrio estético
 TREINAMENTO FUNCIONAL ganho de força, equilíbrio, condicionamento físico e agilidade 3 a 5 vezes por semana, com duração de 50min a 1h cada treinovariação de ambientes e séries, trabalha todo o corpo dúvidas sobre hipertrofia muscular





FONTE :GLOBO.COM
ADAUTO GONÇAVES 
PERSONAL TRAINER